DEPRESSÃO E DOENÇAS AUTOIMUNES

Mas então, qual é a relação da depressão com doenças autoimunes?

Estudos vem provando que pessoas com doenças autoimunes possuem também um certo nível de depressão, mas que essa relação não é sempre uma obviedade. Ou seja, a depressão pode apresentar naquelas pessoas que parecem felizes e cheios de vida, mas internamente no íntimo do seu ser, carregam enorme insatisfação que muitas vezes a ela mesmo não reconhece. 

Nesse contexto está a relação entre a depressão e as doenças autoimunes. Você precisa estar atenta para identificar os sinais no seu dia a dia, olhar para dentro de si e questionar… 

  • Sente-se sem ânimo para sair da cama, como se o amanhecer fosse um convite para permanecer debaixo das cobertas? 
  • Sente um cansaço sem explicação boa parte do tempo?
  • Percebe que a vontade e o ânimo para fazer as coisas que você  gosta está diminuindo?
  • Tem dificuldade para concentrar-se em suas atividades habituais? 
  • Observou que seu sono não é mais o mesmo…está desregulado, para mais ou para menos? 

 Atenção, esses podem ser sintomas de depressão!

Ter momentos de tristeza, especialmente após dificuldades é natural, faz parte dos ciclos da vida e das reações do nosso corpo, mas quando esses sentimentos demoram a passar, pode significar um início de uma doença chamada depressão. No Brasil até 15% da população sofre de depressão, sendo as mulheres mais acometidas que os homens. Apesar disso ainda há muita desinformação e temor em falar sobre essa doença.

O que causa a depressão? Há relação com doenças autoimunes?

Não há uma única causa específica para depressão. Sabe-se que há influência de questões genéticas, de deficiência de substâncias cerebrais, chamadas neurotransmissores e de “gatilhos” (fatores que aumentam a chance de desenvolver a doença ) relacionados ao estresse emocional e surgimento de outras doenças como câncer e doenças autoimunes.

Diversas pesquisas sugerem que depressão tem relação com a reativação de doenças autoimunes,  com dificuldade de controle da atividade inflamatória na doença e é mais encontrada em pessoas portadoras de doenças autoimunes. Até 50% dos pacientes com lúpus e 47% com artrite reumatoide podem desenvolver depressão ao longo da vida, uma taxa muito maior do que a encontrada na população em geral.

São muitas as causas que levam a depressão ser mais comum em pessoas com doenças autoimunes, sendo que algumas delas são:

  • as incertezas diante do recebimento de um diagnóstico, 
  • a  ausência de rede de apoio familiar e de amigos, especialmente  no início da doença,
  • a presença de dor persistente, 
  •  a presença de limitações para realizar as atividades do dia e até dificuldades no trabalho.

Esses são alguns fatores que contribuem para o aumento da ocorrência de depressão  em pacientes com doenças autoimunes. Sedentarismo e não realização de atividades física , algumas vezes por incapacidade em realizá-las também estão relacionados a maior de risco de depressão. 

Nesse sentido é importante observar a interferência da depressão no sistema imunológico, como está na sequência. 

Como a depressão interfere no sistema imunológico?

Na depressão, acontece a ativação da resposta imunoinflamatória. Isso significa que você pode manifestar, por exemplo, leucocitose (aumento do número de glóbulos brancos), alta também da PCR (proteína C reativa produzida no fígado, que aponta inflamação no organismo) e diminuição do número de linfócitos.

O que fazer para reduzir os riscos de depressão em pessoas com doenças autoimunes?

 Estabelecer uma boa relação médico-paciente, buscar a orientação adequada quanto ao tratamento da doença, praticar atividade física, e, quando necessário, sob orientação médica, usar medicações antidepressivas e ansiolíticas (para reduzir a ansiedade) fazem parte do tratamento para depressão.

O apoio de uma equipe interdisciplinar com, psicólogos ou psiquiatras e outros terapeutas  também  fazem parte do tratamento.

Procurar envolver amigos e familiares no contexto da doença, muitas vezes convidando a participar de algumas consultas com o médico, pode ajudar as pessoas ao redor entender melhor sobre a doença e assim facilitar o apoio tão importante.

Procurar entender sobre a doença, buscando informação de qualidade em fontes confiáveis, participando de grupos de apoio a pacientes com doenças semelhantes pode trazer resiliência, esperança por dias melhores, maior entendimento. Trocar experiências pode ser reconfortante e além de poder ajudar também outras pessoas  

Depressão não é fraqueza, é uma doença e precisa ser reconhecida, compreendida e tratada. Os sintomas da depressão e sua doença autoimune  podem ser avaliados através da análise clínica e histórica do quadro que você apresenta. Caso você tenha se identificado com alguns dos sintomas que descrevemos ou conhece alguém assim, procure ajuda, converse com o médico que lhe acompanha.

 A vida pode voltar a ter um lindo colorido e reservar muitos momentos de alegrias para você experienciar!

Dra. Célia Alcântara

Dra. Célia Alcântara

Médica Reumatologista em Fortaleza

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